Com fundação em 7 de janeiro de 1903, o município de São Francisco de Paula fica localizado na serra gaúcha, com área de 3.274 km2, e uma população estimada em um pouco mais de 21 mil pessoas, segundo estimativa do IBGE para 2017.
Os primeiros habitantes de São Francisco de Paula foram os índios Caáguas ou Caaguaras, que estendiam suas aldeias pelas Serras Geral e do Mar. No final do século XVIII, com a expansão da mineração na zona das Gerais, os bandeirantes voltaram ao estado a fim de buscar mulas para a zona mineradora. O Rio Grande do Sul tornou-se o grande fornecedor de animais de tração para a atividade extrativa.
O processo de ocupação dos Campos de Cima da Serra ocorreu com o transitar dos tropeiros, pois a região estava no caminho das tropas: partia da altura de Palmares do Sul, atravessava o atual território de Santo Antônio da Patrulha, alcançava o planalto dos Campos de Cima da Serra, indo na direção de Lages, avançando para Sorocaba.
São Francisco de Paula teve seu início com Pedro da Silva Chaves, militar natural de Lisboa que recebeu uma gleba de terras na região. Em divisão territorial datada de 1995, o município é constituído de sete distritos: São Francisco de Paula, Cazuza Ferreira, Eletra, Juá, Lajeado Grande, Rincão dos Kroeff e Tainhas.
O município é o maior produtor de batata do Brasil, além de produzir maçã e hortaliças. Tem ainda grande área com plantio de pinus e eucaliptos além da tradicional criação de gado vacum.
A atual administração municipal, do Prefeito Marcos André Aguzzolli (PP) e do Vice-Prefeito Thiago Carniel Teixeira (PDT), tem como meta transformar o município em um dos principais destinos turísticos da serra gaúcha. Para que essa transformação ocorra, estão sendo revitalizados vários pontos e criados outros atrativos turísticos.
O Jornal Eco RS foi até São Francisco de Paula conversar com o Prefeito Marcos para saber o que tem sido feito e quais os projetos que estão sendo colocados em prática visando com que a cidade venha a ser destaque como o mais novo polo turístico no estado.
Como o senhor analisa a importância do turismo para a administração municipal.
O turismo é uma grande vocação da cidade. Todas as secretarias estão alinhadas a este foco. É uma prioridade de a prefeitura trabalhar o Turismo, melhorar a taxa de ocupação e dar mais infraestrutura para a cidade viver melhor e receber os turistas. Ao lado da cultura e do agronegócio, o turismo é essencial para o desenvolvimento de São Chico.
Quais os seus principais objetivos e perspectivas em relação ao setor do turismo? Pretende trabalhar alguma política pública ou lei de incentivo em prol dos investimentos já implantados na cidade?
Trabalhamos em três pilares básicos que são o desenvolvimento de um conceito, a infraestrutura e qualificação do nosso receptivo para que as pessoas sejam bem recebidas aqui em São Francisco de Paula. Entendemos que cabe a prefeitura preparar a cidade, criar o ambiente necessário para que a inciativa privada veja o município como um destino turístico e traga mais investimentos. Estamos voltados para facilitar a implantação de novos negócios que desenvolvam o turismo, inclusive com incentivos fiscais.
Quais as ações que o senhor pretende realizar para atrair mais visitantes e empreendimentos para o município.
Estamos trabalhando muito com eventos esportivos e culturais, buscando alinhar as políticas públicas do Estado e do governo federal, por meio de convênios e projetos de incentivos fiscais. Temos foco em ações sustentáveis e o esporte oferece boas oportunidades para isso.
Para atrair novos empreendimentos estamos criando esse novo ambiente, com mais infraestrutura, com mais participação e com um novo conceito que tem como slogan a marca Viva São Chico, criada pela administração e que sugere aos cidadãos e turistas que vivam mais a cidade, que se apropriem dos espaços públicos, de nossos cartões postais, e que o turista possa viver o ano todo por aqui, aproveitando as belezas de cada estação.
Nossa taxa de ocupação está crescendo e cada vez mais as pessoas estão colocando São Chico em suas rotas pela Região das Hortênsias. O próximo grande evento ocorre em breve (Beatle Weekend, em 17,18 e 19 de novembro) e a nossa expectativa é de lotação da cidade nos três dias.
A máxima do turismo diz que uma cidade só é boa para o turista se ela é boa para o cidadão. Quais os fatores que o senhor considera de extrema importância para que a população se sinta parte integrante do desenvolvimento turístico?
O fundamental é que as pessoas entendam a importância do turismo na cidade. Esta percepção não pode se dar apenas entre os que trabalham em hotéis e restaurantes. O turismo está no comércio em geral, em postos de gasolina, em tudo. Acredito que o envolvimento em eventos culturais, como a gastronomia local, pode ajudar a desenvolver este sentimento que é essencial para o desenvolvimento do setor.
Também considero importante a valorização de culturas que vêm de fora. Esta integração enriquece e garante o fluxo cultural aumentando a geração de renda para o município.
O que já foi feito pelo turismo municipal nesses meses em que o senhor está à frente do governo municipal?
O planejamento. A gente pensa na infraestrutura para o cidadão e para o turista. As nossas ações na área foram pensadas e estão acontecendo. Um exemplo é a recuperação do banheiro do lago São Bernardo, onde estamos trabalhando para reabrir em breve. A avenida também esta sendo pensada. Temos recursos já empenhados na área de pavimentação urbana, pórtico, iluminação pública. Vamos colocar em prática logo este planejamento. Infelizmente estas coisas demoram, pois envolvem projetos.
O que pode ser feito a curto, médio e a longo prazo para melhor implementar o turismo no município?
A curto prazo estamos recebemos diferentes eventos esportivos. Desde janeiro, sediamos competições importantes como o campeonato gaúcho de Jet Sky, o Trail Rade, Copa Audax de ciclismo e o campeonato gaúcho de Off Road. Também executamos as nossas tradicionais festas, a 21ª Festa do Pinhão e a 26º Ronco do Bugio, apesar de todas as dificuldades que enfrentamos nos primeiros meses de administração com o tornado que destruiu a cidade. Tivemos de trabalhar muito, e ainda estamos trabalhando nisso, para recuperar o município.
Estas festas foram bem frequentadas por turistas que lotaram a cidade e trazem de volta a nossa autoestima, pois são eventos tradicionais de nossa cultura.
A médio e a longo prazo, voltamos aos pilares. O conceito e a infraestrutura serão trabalhados ainda mais. Os dois precisam de tempo. O planejamento inclui ainda a criação de um Sistema Municipal de Cultura, em 2018, com o qual vamos ampliar a produção artística na cidade, mobilizar as pessoas e movimentar o fluxo da arte, da economia e do turismo.
A Cultura, o Esporte e o Lazer são segmentos atrelados ao Turismo. Como São Francisco está tratando esse assunto?
O primeiro passo foi levar a Cultura e o Esporte para a secretaria de Turismo. As áreas estão trabalhando juntas e integrando as ações. Criamos uma legislação para a nova secretaria de Turismo, pois temos certeza que estas áreas ligadas podem trabalhar melhor.
O serviço de hospedagem é um dos pontos mais importantes para atrair turistas. Quais os investimentos junto às empresas do setor?
Nosso investimento é a qualificação da relação dos hotéis e pousadas com a secretaria. Buscamos sincronizar as ações e melhorar o atendimento. Também estamos trabalhando para desburocratizar e facilitar a chegada de novas empresas e isso tem dado resultados positivos. Com a criação da sala do investidor, já atraímos novas empresas do setor. Temos um grande hotel se instalando na Barragem da Divisa e outra pousada na cidade. Isso é fruto de uma demanda, de um fluxo que estamos entendendo e valorizando.
Que mensagem o senhor deixa...
São Francisco de Paula oferece beleza natural, sossego, paz, um turismo simples, que é o que as pessoas estão buscando. Estamos construindo uma nova infraestrutura e vamos evoluir muito. Com nossos parques, cascatas e eventos que estamos promovendo, buscamos oferecer uma vida saudável e sustentabilidade. Temos certeza que São Francisco, nesta conexão da Região das Hortênsias, é a “bola da vez”.
Texto: Pedro Loreni de Mello Teixeira - Jornalista – Reg. Prof. Nº 17.084
Nenhum comentário:
Postar um comentário